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DIÁRIO DE VINDIMAS
2023
O dilúvio
O Inverno e a Primavera tiveram níveis de precipitação acima da média, criando reservas de água no solo para grande parte da estação de crescimento, embora no final do ciclo se tenham ainda assim registado alguns indícios de défice hídrico. Contudo foi a grande variação de temperatura no Verão que mais marcou o ano vitícola, tendo-se registado simultaneamente algumas das temperaturas mais altas como das mais baixas para este período. Tal conduziu a níveis de maturação bastante diferenciados em função da casta e da parcela. A dificuldade de maturação de algumas castas foi ultrapassada com a ocorrência de chuva de final de Setembro. A gestão das datas de colheita foi assim fundamental, tendo permitido no final obter frescura, elegância mas também estruturas sólidas, profundidade aromática e um grande potencial qualitativo.
O Inverno e a Primavera tiveram níveis de precipitação acima da média, criando reservas de água no solo para grande parte da estação de crescimento, embora no final do ciclo se tenham ainda assim registado alguns indícios de défice hídrico. Contudo foi a grande variação de temperatura no Verão que mais marcou o ano vitícola, tendo-se registado simultaneamente algumas das temperaturas mais altas como das mais baixas para este período. Tal conduziu a níveis de maturação bastante diferenciados em função da casta e da parcela. A dificuldade de maturação de algumas castas foi ultrapassada com a ocorrência de chuva de final de Setembro. A gestão das datas de colheita foi assim fundamental, tendo permitido no final obter frescura, elegância mas também estruturas sólidas, profundidade aromática e um grande potencial qualitativo.
2022
Quente e seco
Ano quente e marcado por uma seca extrema, chovendo menos de metade do que seria normal, tornando-se no ano mais seco desde que existem registos na região. A quantidade ressentiu-se mas por outro lado a pressão de doenças foi naturalmente baixa, resultando uvas em perfeito estado sanitário. A seca trouxe algum avanço na maturação mas também alguma heterogeneidade, com algumas castas a ressentirem-se e outras a mostrarem um potencial suplementar para fazer face aos desafios climáticos. A ajuda final caiu literalmente do céu, com uma chuva generosa a 13 de Setembro que, com o intervalo devido, reequilibrou a composição dos bagos e permitiu uma recuperação e regularização das maturações. Resultaram vinhos extremamente elegantes e com grande pureza de fruta.
Ano quente e marcado por uma seca extrema, chovendo menos de metade do que seria normal, tornando-se no ano mais seco desde que existem registos na região. A quantidade ressentiu-se mas por outro lado a pressão de doenças foi naturalmente baixa, resultando uvas em perfeito estado sanitário. A seca trouxe algum avanço na maturação mas também alguma heterogeneidade, com algumas castas a ressentirem-se e outras a mostrarem um potencial suplementar para fazer face aos desafios climáticos. A ajuda final caiu literalmente do céu, com uma chuva generosa a 13 de Setembro que, com o intervalo devido, reequilibrou a composição dos bagos e permitiu uma recuperação e regularização das maturações. Resultaram vinhos extremamente elegantes e com grande pureza de fruta.
2021
Altas expectativas
A vindima começou com expectativas muito altas face ao ano climático - Primavera chuvosa, seguida de um Verão ameno, interrompido por uma onda de calor em meados de Agosto ... muito próximo do que aconteceu no icónico 2011, parecendo fazer jus à teoria dos "ciclos de 10 anos". Não há contudo 2 anos iguais e o início de Setembro trouxe alguma instabilidade climática, colocando pressão sobre a colheita. Felizmente na sua maioria foram alarmes falso mas levou naturalmente a alguma inquietação e ansiedade. As vinhas ainda assim responderam muito bem, com maturações em geral mais lentas/longas, resultando mostos com um grande equilíbrio e estruturas sólidas, fruta vibrante, grande definição aromática, pureza varietal e frescura. Um perfil sem dúvida "mais em jeito do que em força", com tónica na elegância, elevada qualidade média e já com diversos picos de qualidade muito especiais a revelarem-se.
A vindima começou com expectativas muito altas face ao ano climático - Primavera chuvosa, seguida de um Verão ameno, interrompido por uma onda de calor em meados de Agosto ... muito próximo do que aconteceu no icónico 2011, parecendo fazer jus à teoria dos "ciclos de 10 anos". Não há contudo 2 anos iguais e o início de Setembro trouxe alguma instabilidade climática, colocando pressão sobre a colheita. Felizmente na sua maioria foram alarmes falso mas levou naturalmente a alguma inquietação e ansiedade. As vinhas ainda assim responderam muito bem, com maturações em geral mais lentas/longas, resultando mostos com um grande equilíbrio e estruturas sólidas, fruta vibrante, grande definição aromática, pureza varietal e frescura. Um perfil sem dúvida "mais em jeito do que em força", com tónica na elegância, elevada qualidade média e já com diversos picos de qualidade muito especiais a revelarem-se.
2020
Um ano singular
2020 será porventura o ano mais desafiante que a nossa geração já viveu. O ano foi em geral quente desde o seu início, levando a um avanço significativo logo desde o abrolhamento. A Primavera chuvosa levou a uma grande pressão de míldio, afetando também a Floração, com consequentes quebras numa produção que já há nascença não era demasiado generosa. As modestas previsões quantitativas do ano foram ainda agravadas com o escaldão ocorrido de 22 a 24 de Junho. As reservas de água acumuladas na Primavera permitiram contudo uma boa progressão da maturação. A entrada no último terço de Agosto marcou um ponto de viragem brusco - após uma chuva a 20 de Agosto, aparentemente bem- vinda para fazer face ao calor estival e ajudar a terminar a maturação... rapidamente começa a verificar-se uma desidratação galopante nos bagos em diversas vinhas, com particular incidência nas cotas mais baixas da região. O resultado... a quantidade sofreu uma quebra dramática, ultrapassando em diversas vinhas os 50%. Mas a Natureza retirou por um lado e deu por outro - a qualidade é verdadeiramente excecional! A concentração, a intensidade foi tal que numa primeira análise levantaram algumas questões. Mas rapidamente os mostos revelaram um carácter e um potencial absolutamente extraordinários e apaixonantes! A concentração foi imensa mas proporcional em todas as componentes dos bagos - açúcares, aromas, compostos fenólicos, acidez... tudo (!), garantindo intensidade mas também um equilíbrio notável.
Um ano singular!
2020 será porventura o ano mais desafiante que a nossa geração já viveu. O ano foi em geral quente desde o seu início, levando a um avanço significativo logo desde o abrolhamento. A Primavera chuvosa levou a uma grande pressão de míldio, afetando também a Floração, com consequentes quebras numa produção que já há nascença não era demasiado generosa. As modestas previsões quantitativas do ano foram ainda agravadas com o escaldão ocorrido de 22 a 24 de Junho. As reservas de água acumuladas na Primavera permitiram contudo uma boa progressão da maturação. A entrada no último terço de Agosto marcou um ponto de viragem brusco - após uma chuva a 20 de Agosto, aparentemente bem- vinda para fazer face ao calor estival e ajudar a terminar a maturação... rapidamente começa a verificar-se uma desidratação galopante nos bagos em diversas vinhas, com particular incidência nas cotas mais baixas da região. O resultado... a quantidade sofreu uma quebra dramática, ultrapassando em diversas vinhas os 50%. Mas a Natureza retirou por um lado e deu por outro - a qualidade é verdadeiramente excecional! A concentração, a intensidade foi tal que numa primeira análise levantaram algumas questões. Mas rapidamente os mostos revelaram um carácter e um potencial absolutamente extraordinários e apaixonantes! A concentração foi imensa mas proporcional em todas as componentes dos bagos - açúcares, aromas, compostos fenólicos, acidez... tudo (!), garantindo intensidade mas também um equilíbrio notável.
Um ano singular!
2019
Grandes oscilações
Num ano em geral seco (embora não tanto quanto 2017 ou 2015), foram antes as grandes oscilações nas temperaturas que mais o marcaram - desde o início as temperaturas foram sucessivamente passando de acima para abaixo da média, com um reflexo natural no ciclo da vinha que apesar do avanço inicial foi posteriormente desacelerando. As diferentes castas lidaram naturalmente de uma forma diferente com estas variações, com alguma heterogeneidade inicial nas maturações a obrigar a um acompanhamento rigoroso e a uma redefinição do calendário de vindima. O esforço logo deu os seus frutos - a par de um excelente estado fitossanitário global, o saber esperar e respeitar o tempo das diferentes castas e das diferentes vinhas face às condições do ano permitiu ir refinando progressivamente o seu carácter e qualidade final. Vinhos com profundidade, estruturas sólidas, algo fechados e austeros à nascença mas com grande carácter, complexidade e um equilíbrio fantástico. Vinhos de guarda pelos quais, tal como sucedeu na vinha, será também necessário saber esperar... mas com tudo para uma grande evolução em garrafa.
Num ano em geral seco (embora não tanto quanto 2017 ou 2015), foram antes as grandes oscilações nas temperaturas que mais o marcaram - desde o início as temperaturas foram sucessivamente passando de acima para abaixo da média, com um reflexo natural no ciclo da vinha que apesar do avanço inicial foi posteriormente desacelerando. As diferentes castas lidaram naturalmente de uma forma diferente com estas variações, com alguma heterogeneidade inicial nas maturações a obrigar a um acompanhamento rigoroso e a uma redefinição do calendário de vindima. O esforço logo deu os seus frutos - a par de um excelente estado fitossanitário global, o saber esperar e respeitar o tempo das diferentes castas e das diferentes vinhas face às condições do ano permitiu ir refinando progressivamente o seu carácter e qualidade final. Vinhos com profundidade, estruturas sólidas, algo fechados e austeros à nascença mas com grande carácter, complexidade e um equilíbrio fantástico. Vinhos de guarda pelos quais, tal como sucedeu na vinha, será também necessário saber esperar... mas com tudo para uma grande evolução em garrafa.
2018
Um final feliz
Na sequência de um dos anos mais secos desde que há registos (2017) o Inverno que se seguiu manteve a mesma tendência, com muito pouca chuva e temperaturas baixas. O cenário foi-se mantendo até que em Março chega finalmente a tão necessária água... mas em quantidade de tal forma abundante e constante ao longo de toda a Primavera que criou uma das maiores pressões de sempre de míldio na região e alguns desvios na floração. A quebra na quantidade produzida foi muito significativa e apenas não foi maior pois a nascença até havia sido generosa. Junho e Julho mantiveram-se frios e chuvosos até que em Agosto tudo muda com uma súbita onda de calor, provocando escaldão em diversas vinhas com novo impacto na quantidade produzida. O equilibrar da balança veio precisamente das reservas da água acumulada no solo anteriormente que permitiram ainda assim uma boa evolução da maturação, com uma refrescante chuva final na primeira semana da Setembro a dar o derradeiro impulso para que, apesar de algum atraso e dos percalços do ano, resultasse numa vindima de qualidade excecional. Mostos com grande pureza de fruta a resultarem em vinhos com a estrutura, profundidade e a austeridade clássica dos grandes anos. O coroar de um ano todo ele desafiante, de intenso trabalho e com diversos obstáculos mas com um final feliz!
Na sequência de um dos anos mais secos desde que há registos (2017) o Inverno que se seguiu manteve a mesma tendência, com muito pouca chuva e temperaturas baixas. O cenário foi-se mantendo até que em Março chega finalmente a tão necessária água... mas em quantidade de tal forma abundante e constante ao longo de toda a Primavera que criou uma das maiores pressões de sempre de míldio na região e alguns desvios na floração. A quebra na quantidade produzida foi muito significativa e apenas não foi maior pois a nascença até havia sido generosa. Junho e Julho mantiveram-se frios e chuvosos até que em Agosto tudo muda com uma súbita onda de calor, provocando escaldão em diversas vinhas com novo impacto na quantidade produzida. O equilibrar da balança veio precisamente das reservas da água acumulada no solo anteriormente que permitiram ainda assim uma boa evolução da maturação, com uma refrescante chuva final na primeira semana da Setembro a dar o derradeiro impulso para que, apesar de algum atraso e dos percalços do ano, resultasse numa vindima de qualidade excecional. Mostos com grande pureza de fruta a resultarem em vinhos com a estrutura, profundidade e a austeridade clássica dos grandes anos. O coroar de um ano todo ele desafiante, de intenso trabalho e com diversos obstáculos mas com um final feliz!
2017
Seco mas marcante
2017 ficou desde logo na história como um dos anos mais secos desde que há registos, com a precipitação total a cair para quase metade do que seria normal. As temperaturas diurnas foram também em geral elevadas, registando-se ondas de calor em Junho, Julho e Agosto. Este cenário extremo foi de alguma forma apaziguado por noites relativamente frescas, permitindo alguma recuperação das videiras e uma progressão constante da maturação. Resultou uma das mais precoces vindimas de sempre, com início a 22 de Agosto e um avanço de cerca de 20 dias em várias vinhas. Um pequeno chuvisco nos últimos dias de Agosto e o baixar da temperatura em Setembro permitiu um final de maturação mais suave e sem sobressaltos, com as uvas a apresentarem um estado sanitário fantástico. E se algumas dúvidas pudessem existir no início face a tamanha precocidade... estas foram imediatamente dissipadas com a entrada das primeiras uvas na adega. Concentração, mas sem desequilíbrios. Grande intensidade de fruta, mas com profundidade e estruturas sólidas. Um pleno em todas as cores e feitios - brancos, rosados, tintos, Portos... tudo a revelar um altíssimo potencial, prometendo ficar na história não apenas pela pouca chuva ou pela precocidade mas sobretudo pelos seus.
2017 ficou desde logo na história como um dos anos mais secos desde que há registos, com a precipitação total a cair para quase metade do que seria normal. As temperaturas diurnas foram também em geral elevadas, registando-se ondas de calor em Junho, Julho e Agosto. Este cenário extremo foi de alguma forma apaziguado por noites relativamente frescas, permitindo alguma recuperação das videiras e uma progressão constante da maturação. Resultou uma das mais precoces vindimas de sempre, com início a 22 de Agosto e um avanço de cerca de 20 dias em várias vinhas. Um pequeno chuvisco nos últimos dias de Agosto e o baixar da temperatura em Setembro permitiu um final de maturação mais suave e sem sobressaltos, com as uvas a apresentarem um estado sanitário fantástico. E se algumas dúvidas pudessem existir no início face a tamanha precocidade... estas foram imediatamente dissipadas com a entrada das primeiras uvas na adega. Concentração, mas sem desequilíbrios. Grande intensidade de fruta, mas com profundidade e estruturas sólidas. Um pleno em todas as cores e feitios - brancos, rosados, tintos, Portos... tudo a revelar um altíssimo potencial, prometendo ficar na história não apenas pela pouca chuva ou pela precocidade mas sobretudo pelos seus.
2016
Elevadíssimo potencial
A precipitação de Inverno tardou mas acabou por chegar de forma abundante em Janeiro e Fevereiro. A Primavera prosseguiu igualmente chuvosa mas amena em termos de temperaturas provocando alguns desvios ao nível da floração e despoletando uma elevada pressão de doenças fitossanitárias, sobretudo míldio. Consequentemente registou-se uma quebra significativa na quantidade produzida. Mas essa mesma precipitação acabou por criar importantes reservas de água, permitindo fazer face às elevadas temperaturas de Junho e de Agosto. Com a chegada de Setembro a descida acentuada das temperaturas noturnas permitiram um final de maturação com condições ideais e uma vindima com um estado sanitário excelente. Resultou uma das maturações mais equilibradas de sempre, com um sincronismo praticamente perfeito da evolução de açúcares, ácidos, compostos fenólicos e aromas. O calor estival acabou por não se revelar assim nos vinhos, sendo antes a disponibilidade hídrica regular ao longo de praticamente todo o ciclo e o final de maturação mais ameno a ditar o tom – vinhos plenos de frescura e grande equilíbrio. A pureza da fruta, a estrutura sólida e a profunda elegância fazem de 2016 um ano de elevadíssimo potencial para os vinhos do Douro e Porto da família Alves de Sousa.
A precipitação de Inverno tardou mas acabou por chegar de forma abundante em Janeiro e Fevereiro. A Primavera prosseguiu igualmente chuvosa mas amena em termos de temperaturas provocando alguns desvios ao nível da floração e despoletando uma elevada pressão de doenças fitossanitárias, sobretudo míldio. Consequentemente registou-se uma quebra significativa na quantidade produzida. Mas essa mesma precipitação acabou por criar importantes reservas de água, permitindo fazer face às elevadas temperaturas de Junho e de Agosto. Com a chegada de Setembro a descida acentuada das temperaturas noturnas permitiram um final de maturação com condições ideais e uma vindima com um estado sanitário excelente. Resultou uma das maturações mais equilibradas de sempre, com um sincronismo praticamente perfeito da evolução de açúcares, ácidos, compostos fenólicos e aromas. O calor estival acabou por não se revelar assim nos vinhos, sendo antes a disponibilidade hídrica regular ao longo de praticamente todo o ciclo e o final de maturação mais ameno a ditar o tom – vinhos plenos de frescura e grande equilíbrio. A pureza da fruta, a estrutura sólida e a profunda elegância fazem de 2016 um ano de elevadíssimo potencial para os vinhos do Douro e Porto da família Alves de Sousa.
2015
Generosidade na qualidade e quantidade
A um Inverno particularmente frio e seco seguiu-se um Verão igualmente seco. Os níveis de défice hídrico foram dos mais severos de que há registos e as temperaturas foram também altas, com várias ondas de calor entre Abril e Julho, resultando num avanço de quase 10 dias no ciclo da vinha. Apenas em Agosto as temperaturas se atenuaram, descendo mesmo abaixo da média, acabando por permitir uma maturação muito mais suave do que se adivinharia. Tais condições permitiram igualmente um estado sanitário exemplar, com uma preservação não apenas da qualidade como da própria quantidade produzida. Resultou num ano ímpar a todos os níveis, generoso na quantidade, mas sobretudo na qualidade –no seu todo das mais altas de que há memória e revelando picos de qualidade plenos de carácter, estruturas sólidas, profundidade e sobretudo um equilíbrio fantástico entre todas as suas componentes. E será difícil não encontrar um curioso paralelo histórico e porventura cíclico – 2015 foi um dos anos mais secos, apenas comparável com… 2005. A vindima começou mais cedo do que nunca, tal como… 1995. Superstições à parte é impossível ficar indiferente às semelhanças entre 2015, 2005 e 1995. E se a qualidade excecional de 2005 e 1995 é por demais evidente na sua fantástica evolução ao longo dos últimos 10 e 20 anos, as elevadas expectativas para 2015 são não apenas naturais mas como facilmente se tornam certezas – 2015 é um dos melhores anos de sempre para os vinhos do Douro e Porto da família Alves de Sousa.
A um Inverno particularmente frio e seco seguiu-se um Verão igualmente seco. Os níveis de défice hídrico foram dos mais severos de que há registos e as temperaturas foram também altas, com várias ondas de calor entre Abril e Julho, resultando num avanço de quase 10 dias no ciclo da vinha. Apenas em Agosto as temperaturas se atenuaram, descendo mesmo abaixo da média, acabando por permitir uma maturação muito mais suave do que se adivinharia. Tais condições permitiram igualmente um estado sanitário exemplar, com uma preservação não apenas da qualidade como da própria quantidade produzida. Resultou num ano ímpar a todos os níveis, generoso na quantidade, mas sobretudo na qualidade –no seu todo das mais altas de que há memória e revelando picos de qualidade plenos de carácter, estruturas sólidas, profundidade e sobretudo um equilíbrio fantástico entre todas as suas componentes. E será difícil não encontrar um curioso paralelo histórico e porventura cíclico – 2015 foi um dos anos mais secos, apenas comparável com… 2005. A vindima começou mais cedo do que nunca, tal como… 1995. Superstições à parte é impossível ficar indiferente às semelhanças entre 2015, 2005 e 1995. E se a qualidade excecional de 2005 e 1995 é por demais evidente na sua fantástica evolução ao longo dos últimos 10 e 20 anos, as elevadas expectativas para 2015 são não apenas naturais mas como facilmente se tornam certezas – 2015 é um dos melhores anos de sempre para os vinhos do Douro e Porto da família Alves de Sousa.
2014
Fruta e frescura
O Inverno foi um dos mais chuvosos dos últimos 30 anos. A Primavera foi também chuvosa mas com temperaturas algo acima do normal. Isto levou a uma antecipação da floração que acabou por ocorrer aquando de um decréscimo súbito da temperatura, provocando uma quebra no rendimento. Em termos fitossanitários tanto o míldio como o oídio estiveram particularmente presente, requerendo uma atenção redobrada no seu controlo. O Verão foi climaticamente algo instável –começou quente mas Julho e Agosto foram amenos (20-25ºC com alguns aguaceiros). Apenas após 13 de Agosto houve uma subida de temperaturas para os 30ºC mas as noites permaneceram frescas (9-13ºC). A maturação desenvolveu-se suavemente, preservando-se os aromas varietais e a frescura natural dos bagos. A previsão de chuvas em Setembro levou à definição de um rigoroso planeamento da vindima. A este plano juntou-se uma rigorosa seleção da qualidade das uvas colhidas. Resultaram vinhos plenos de fruta, grande frescura e com alguns destaques qualitativos muito especiais em algumas das melhores vinhas da família Alves de Sousa.
O Inverno foi um dos mais chuvosos dos últimos 30 anos. A Primavera foi também chuvosa mas com temperaturas algo acima do normal. Isto levou a uma antecipação da floração que acabou por ocorrer aquando de um decréscimo súbito da temperatura, provocando uma quebra no rendimento. Em termos fitossanitários tanto o míldio como o oídio estiveram particularmente presente, requerendo uma atenção redobrada no seu controlo. O Verão foi climaticamente algo instável –começou quente mas Julho e Agosto foram amenos (20-25ºC com alguns aguaceiros). Apenas após 13 de Agosto houve uma subida de temperaturas para os 30ºC mas as noites permaneceram frescas (9-13ºC). A maturação desenvolveu-se suavemente, preservando-se os aromas varietais e a frescura natural dos bagos. A previsão de chuvas em Setembro levou à definição de um rigoroso planeamento da vindima. A este plano juntou-se uma rigorosa seleção da qualidade das uvas colhidas. Resultaram vinhos plenos de fruta, grande frescura e com alguns destaques qualitativos muito especiais em algumas das melhores vinhas da família Alves de Sousa.
2013
Elegância e profundidade
O Inverno e a Primavera tiveram níveis de precipitação acima da média, criando reservas de água no solo para grande parte da estação de crescimento, embora no final do ciclo se tenham ainda assim registado alguns indícios de défice hídrico. Contudo foi a grande variação de temperatura no Verão que mais marcou o ano vitícola, tendo-se registado simultaneamente algumas das temperaturas mais altas como das mais baixas para este período. Tal conduziu a níveis de maturação bastante diferenciados em função da casta e da parcela. A dificuldade de maturação de algumas castas foi ultrapassada com a ocorrência de chuva de final de Setembro. A gestão das datas de colheita foi assim fundamental, tendo permitido no final obter frescura, elegância, mas também estruturas sólidas, profundidade aromática e um grande potencial qualitativo.
O Inverno e a Primavera tiveram níveis de precipitação acima da média, criando reservas de água no solo para grande parte da estação de crescimento, embora no final do ciclo se tenham ainda assim registado alguns indícios de défice hídrico. Contudo foi a grande variação de temperatura no Verão que mais marcou o ano vitícola, tendo-se registado simultaneamente algumas das temperaturas mais altas como das mais baixas para este período. Tal conduziu a níveis de maturação bastante diferenciados em função da casta e da parcela. A dificuldade de maturação de algumas castas foi ultrapassada com a ocorrência de chuva de final de Setembro. A gestão das datas de colheita foi assim fundamental, tendo permitido no final obter frescura, elegância, mas também estruturas sólidas, profundidade aromática e um grande potencial qualitativo.
2012
Problemas de fertilidade
2012 apresentou um início extremamente seco, com as primeiras verdadeiras chuvas a ocorrerem apenas já próximo da floração, resultando em alguns problemas de fertilidade (desavinho e bagoinha) sobretudo nas castas mais sensíveis. Tal refletiu-se numa quebra da quantidade produzida em diversas parcelas. Felizmente, uma Primavera mais chuvosa que o costume conseguiu ainda assim repor os níveis hídricos para o resto do ciclo, permitindo assim uma boa maturação das uvas. Chegada a colheita as condições reunidas em termos de qualidade eram as desejadas – estado sanitário perfeito e grande equilíbrio na composição das uvas. A qualidade média do ano revelou-se muito elevada, resultando vinhos plenos de equilíbrio e frescura.
2012 apresentou um início extremamente seco, com as primeiras verdadeiras chuvas a ocorrerem apenas já próximo da floração, resultando em alguns problemas de fertilidade (desavinho e bagoinha) sobretudo nas castas mais sensíveis. Tal refletiu-se numa quebra da quantidade produzida em diversas parcelas. Felizmente, uma Primavera mais chuvosa que o costume conseguiu ainda assim repor os níveis hídricos para o resto do ciclo, permitindo assim uma boa maturação das uvas. Chegada a colheita as condições reunidas em termos de qualidade eram as desejadas – estado sanitário perfeito e grande equilíbrio na composição das uvas. A qualidade média do ano revelou-se muito elevada, resultando vinhos plenos de equilíbrio e frescura.
2011
Paciência e ponderação
2011 cedo deu os primeiros indícios de que poderia trazer uma colheita generosa, face aos cachos nascidos. Contudo, uma Primavera particularmente húmida levou a uma das maiores pressões de míldio de que há memória na região do Douro, comprometendo seriamente a colheita. A estratégia de ação adotada nas vinhas, apesar de dispendiosa, revelou-se bem-sucedida e na realidade extremamente recompensadora – não apenas foi possível assegurar uma produção generosa para os padrões da região como a qualidade viria a revelar-se ao mais alto nível. O Verão não trouxe o calor e aridez típicos, antes temperaturas mais amenas que o habitual, permitindo uma maturação suave e progressiva, preservando a acidez natural e os aromas varietais nos bagos. A chegada de algum calor apenas no final do ciclo permitiu refinar a composição dos bagos em termos fenólicos. Se aliarmos a isto uma vindima sem sobressaltos e total ausência de chuvas, permitindo uma gestão atempada da colheita das várias parcelas e castas, com a paciência e ponderação necessárias (mas nem sempre possíveis), temos todos os ingredientes para um grande ano. Fruta fresca vibrante, mas com uma grande profundidade, complexidade aromática e sólida estrutura, preconizando uma qualidade excecional e grande capacidade de guarda.
2011 cedo deu os primeiros indícios de que poderia trazer uma colheita generosa, face aos cachos nascidos. Contudo, uma Primavera particularmente húmida levou a uma das maiores pressões de míldio de que há memória na região do Douro, comprometendo seriamente a colheita. A estratégia de ação adotada nas vinhas, apesar de dispendiosa, revelou-se bem-sucedida e na realidade extremamente recompensadora – não apenas foi possível assegurar uma produção generosa para os padrões da região como a qualidade viria a revelar-se ao mais alto nível. O Verão não trouxe o calor e aridez típicos, antes temperaturas mais amenas que o habitual, permitindo uma maturação suave e progressiva, preservando a acidez natural e os aromas varietais nos bagos. A chegada de algum calor apenas no final do ciclo permitiu refinar a composição dos bagos em termos fenólicos. Se aliarmos a isto uma vindima sem sobressaltos e total ausência de chuvas, permitindo uma gestão atempada da colheita das várias parcelas e castas, com a paciência e ponderação necessárias (mas nem sempre possíveis), temos todos os ingredientes para um grande ano. Fruta fresca vibrante, mas com uma grande profundidade, complexidade aromática e sólida estrutura, preconizando uma qualidade excecional e grande capacidade de guarda.
2010
Perfil austero e reservado
Após uma sequência de anos atípicos (2007, 2008, 2009), em 2010 regressaram as características que sempre associamos ao Douro: chuvas concentradas maioritariamente no período de Inverno, uma Primavera amena e um Verão muito quente. Foi sem dúvida um ano em que houve necessidade de particular atenção às questões fitossanitárias, com alguma incidência de oídio e míldio, ultrapassáveis, contudo com uma estratégia de ação preventiva. Em termos de produção, as quantidades estiveram acima dos valores muito baixos dos últimos anos, embora ainda assim sem excessos, verificando-se um equilíbrio muito bom entre a produção e a estrutura vegetativa robusta que resultou das reservas de água no solo acumuladas durante o Inverno. Mesmo na fase final da maturação as folhas permaneceram bastante verdes e ativas, permitindo uma maturação bastante suave, sem sobressaltos ou variações bruscas. A estratégia de vindima foi contudo, mais que nunca, fundamental para atingir os melhores resultados. Tendo-se verificado um ciclo mais longo que nos últimos 3 anos, houve que ter a devida paciência (nem sempre fácil em tempos de vindima) e aguardar, analisando caso a caso, as castas, as vinhas, na procura de uma boa maturação. Resultaram mostos muito equilibrados, com boa preservação dos aromas varietais e da acidez. Numa primeira análise dos vinhos, existe ainda muito trabalho pela frente, algumas arestas a limar. Mas o potencial existe e é elevado. O perfil austero e reservado, as estruturas sólidas, a profundidade, a fruta franca é ainda demasiado cedo para analisar em pormenor a qualidade da vindima. Mas o futuro revela-se francamente promissor.
Após uma sequência de anos atípicos (2007, 2008, 2009), em 2010 regressaram as características que sempre associamos ao Douro: chuvas concentradas maioritariamente no período de Inverno, uma Primavera amena e um Verão muito quente. Foi sem dúvida um ano em que houve necessidade de particular atenção às questões fitossanitárias, com alguma incidência de oídio e míldio, ultrapassáveis, contudo com uma estratégia de ação preventiva. Em termos de produção, as quantidades estiveram acima dos valores muito baixos dos últimos anos, embora ainda assim sem excessos, verificando-se um equilíbrio muito bom entre a produção e a estrutura vegetativa robusta que resultou das reservas de água no solo acumuladas durante o Inverno. Mesmo na fase final da maturação as folhas permaneceram bastante verdes e ativas, permitindo uma maturação bastante suave, sem sobressaltos ou variações bruscas. A estratégia de vindima foi contudo, mais que nunca, fundamental para atingir os melhores resultados. Tendo-se verificado um ciclo mais longo que nos últimos 3 anos, houve que ter a devida paciência (nem sempre fácil em tempos de vindima) e aguardar, analisando caso a caso, as castas, as vinhas, na procura de uma boa maturação. Resultaram mostos muito equilibrados, com boa preservação dos aromas varietais e da acidez. Numa primeira análise dos vinhos, existe ainda muito trabalho pela frente, algumas arestas a limar. Mas o potencial existe e é elevado. O perfil austero e reservado, as estruturas sólidas, a profundidade, a fruta franca é ainda demasiado cedo para analisar em pormenor a qualidade da vindima. Mas o futuro revela-se francamente promissor.
2009
O melhor de dois mundos
O Inverno e a Primavera foram em geral menos chuvosos e com temperaturas ligeiramente mais altas do que o normal. Uma vaga de frio surgiu a meio de Maio, o que, aliado a alguma precipitação afetou a Floração, levando a uma quebra significativa na produção. Sanitariamente, face a estas condições climáticas, foi um ano relativamente sereno. Chegada a época estival, após uma sequência de anos anormalmente frescos para a região, seria de esperar o retorno do tradicional calor duriense. Bom… sim e não. Até meados de Agosto, apenas Primavera. Parecia que as atípicas condições de 2007 e 2008 estavam cada vez mais típicas. Eis que dois picos súbitos de calor mudam totalmente as regras: um primeiro, a meio de Agosto, provoca uma aceleração da Maturação, levando ao iniciar de vindimas mais cedo de que há memória. Um segundo, na primeira semana de Setembro, impõe uma concentração dos compostos nobres (aromas, polifenóis) formados quando as temperaturas eram ainda amenas. O peso dos cachos ressentiu-se. Os açúcares dos bagos subiram um pouco mais do que é costume. Mas a frescura aromática e o equilíbrio com a acidez são impressionantes. Ainda mais quando aliada a uma complexidade aromática, profundidade, concentração e definição invulgares numa fase tão precoce. Consegue aliar o melhor de dois mundos, com estruturas vigorosas e precisas, mas com uma delicadeza e profundidade desconcertantes e magníficas. Um ano para ficar na História.
O Inverno e a Primavera foram em geral menos chuvosos e com temperaturas ligeiramente mais altas do que o normal. Uma vaga de frio surgiu a meio de Maio, o que, aliado a alguma precipitação afetou a Floração, levando a uma quebra significativa na produção. Sanitariamente, face a estas condições climáticas, foi um ano relativamente sereno. Chegada a época estival, após uma sequência de anos anormalmente frescos para a região, seria de esperar o retorno do tradicional calor duriense. Bom… sim e não. Até meados de Agosto, apenas Primavera. Parecia que as atípicas condições de 2007 e 2008 estavam cada vez mais típicas. Eis que dois picos súbitos de calor mudam totalmente as regras: um primeiro, a meio de Agosto, provoca uma aceleração da Maturação, levando ao iniciar de vindimas mais cedo de que há memória. Um segundo, na primeira semana de Setembro, impõe uma concentração dos compostos nobres (aromas, polifenóis) formados quando as temperaturas eram ainda amenas. O peso dos cachos ressentiu-se. Os açúcares dos bagos subiram um pouco mais do que é costume. Mas a frescura aromática e o equilíbrio com a acidez são impressionantes. Ainda mais quando aliada a uma complexidade aromática, profundidade, concentração e definição invulgares numa fase tão precoce. Consegue aliar o melhor de dois mundos, com estruturas vigorosas e precisas, mas com uma delicadeza e profundidade desconcertantes e magníficas. Um ano para ficar na História.
2008
Déjá vu
Alguma precipitação aquando da Floração induziu a um forte desavinho, com particular incidência em castas como a Touriga Nacional levando a uma quebra significativa na produção da maioria das parcelas. A uma Primavera mais quente que o costume sucede-se… uma prologada amena Primavera. Numa espécie de “déjà vu” das invulgares condições de 2007, em 2008 a maturação ocorreu sobre temperaturas amenas e água q.b. no solo, conduzindo a uma acidez acima do normal, sem qualquer tipo de sobre-maturação, antes com fruta fresca vibrante, mas com uma grande profundidade e sólida estrutura. O inegável paralelismo climático entre a maturação dos dois últimos anos traduziu-se, como seria de esperar, em perfis qualitativos igualmente próximos. O que encontramos agora nos 2008 é em tudo semelhante ao que figurava em igual fase nos 2007. E se em 2007, embora muito promissores, era difícil numa fase precoce avançar com um olhar definitivo e uma conclusão acerca dos resultados de um ano tão invulgar... os ensinamentos desse ano e o patamar de qualidade que os 2007 vieram a revelar, preconizam um futuro igualmente extraordinário para 2008.
Alguma precipitação aquando da Floração induziu a um forte desavinho, com particular incidência em castas como a Touriga Nacional levando a uma quebra significativa na produção da maioria das parcelas. A uma Primavera mais quente que o costume sucede-se… uma prologada amena Primavera. Numa espécie de “déjà vu” das invulgares condições de 2007, em 2008 a maturação ocorreu sobre temperaturas amenas e água q.b. no solo, conduzindo a uma acidez acima do normal, sem qualquer tipo de sobre-maturação, antes com fruta fresca vibrante, mas com uma grande profundidade e sólida estrutura. O inegável paralelismo climático entre a maturação dos dois últimos anos traduziu-se, como seria de esperar, em perfis qualitativos igualmente próximos. O que encontramos agora nos 2008 é em tudo semelhante ao que figurava em igual fase nos 2007. E se em 2007, embora muito promissores, era difícil numa fase precoce avançar com um olhar definitivo e uma conclusão acerca dos resultados de um ano tão invulgar... os ensinamentos desse ano e o patamar de qualidade que os 2007 vieram a revelar, preconizam um futuro igualmente extraordinário para 2008.
2007
Os caprichos das videiras
As temperaturas médias durante Junho, Julho, Agosto raramente passaram os 20ºc e houve uma distribuição da precipitação ao longo de praticamente todo o ciclo formando um conjunto de condições que encaixam perfeitamente com o ideal de qualquer manual de fisiologia vegetal. Mas as videiras têm os seus caprichos. E já os manuais de viticultura e a realidade têm demonstrado que a videira necessita em certo grau de algum stress durante a fase final de maturação. 2007 torna-se assim paradigmático, por um lado, mas por outro, fascinante e fundamental para a viticultura do futuro. Não existe de facto uma experiência consolidada com um ano assim. No entanto, nesta fase, os vinhos apresentam um potencial ao nível do melhor que alguma vez se conseguiu, comparável com os extremos (e mesmo antagónicos) 2003 e 2005. Maturações fantásticas, cores profundas, vinhos com uma estrutura mais que sólida, grande concentração… mas sempre com uma frescura apaziguadora. 2007 fica para já na história como um ano para estudar profundamente. A elasticidade da vinha face a condições tão diferentes como as de 2003, 2005 e 2007 é espantosa e contribui significativamente para quebrar alguns tabus e ideias estabelecidas. Claro que é impossível numa fase tão precoce avançar com uma conclusão definitiva acerca dos resultados do ano. Mas o futuro… é extraordinariamente promissor e ambicioso!
As temperaturas médias durante Junho, Julho, Agosto raramente passaram os 20ºc e houve uma distribuição da precipitação ao longo de praticamente todo o ciclo formando um conjunto de condições que encaixam perfeitamente com o ideal de qualquer manual de fisiologia vegetal. Mas as videiras têm os seus caprichos. E já os manuais de viticultura e a realidade têm demonstrado que a videira necessita em certo grau de algum stress durante a fase final de maturação. 2007 torna-se assim paradigmático, por um lado, mas por outro, fascinante e fundamental para a viticultura do futuro. Não existe de facto uma experiência consolidada com um ano assim. No entanto, nesta fase, os vinhos apresentam um potencial ao nível do melhor que alguma vez se conseguiu, comparável com os extremos (e mesmo antagónicos) 2003 e 2005. Maturações fantásticas, cores profundas, vinhos com uma estrutura mais que sólida, grande concentração… mas sempre com uma frescura apaziguadora. 2007 fica para já na história como um ano para estudar profundamente. A elasticidade da vinha face a condições tão diferentes como as de 2003, 2005 e 2007 é espantosa e contribui significativamente para quebrar alguns tabus e ideias estabelecidas. Claro que é impossível numa fase tão precoce avançar com uma conclusão definitiva acerca dos resultados do ano. Mas o futuro… é extraordinariamente promissor e ambicioso!
2006
Trabalhoso, complexo... mas recompensador
Após um dos anos mais secos de sempre (2005), 2006 pareceu bastante “mais ameno” em termos climáticos. A chuva ocorrida durante a estação de crescimento foi suficiente para manter as vinhas com um copado saudável e ativo permitindo uma boa maturação. Ainda assim, as consequências do muito seco ano de 2005 estavam ainda presentes, levando a um decréscimo significativo no número de cachos em 2006. Algumas gotas de chuva no início de Setembro foram bem vindas para auxiliar a maturação e qualidade finais, equilibrando a composição dos bagos. Com um 2º anúncio de chuva, nesta fase já não tão desejado, foi necessário agir ativamente. Graças às úteis ferramentas de previsão meteorológica fomos capazes de, num curto espaço de tempo, vindimar as vinhas mais importantes, evitando assim qualquer efeito nefasto das chuvas. Fez-nos testar todos os nossos recursos físicos e logísticos e foi necessária uma boa dose de engenharia e trabalho árduo para o atingir. Mas valeu a pena. A qualidade foi sem dúvida valorizada. E mesmo após as chuvas foi impressionante observar a resistência das poucas uvas restantes. Isto expressa bem o cuidado constante com as nossas vinhas e as práticas vitícolas durante todo o ano. Foi um ano trabalhoso e complexo de facto. Mas será certamente ainda mais recompensador.
Após um dos anos mais secos de sempre (2005), 2006 pareceu bastante “mais ameno” em termos climáticos. A chuva ocorrida durante a estação de crescimento foi suficiente para manter as vinhas com um copado saudável e ativo permitindo uma boa maturação. Ainda assim, as consequências do muito seco ano de 2005 estavam ainda presentes, levando a um decréscimo significativo no número de cachos em 2006. Algumas gotas de chuva no início de Setembro foram bem vindas para auxiliar a maturação e qualidade finais, equilibrando a composição dos bagos. Com um 2º anúncio de chuva, nesta fase já não tão desejado, foi necessário agir ativamente. Graças às úteis ferramentas de previsão meteorológica fomos capazes de, num curto espaço de tempo, vindimar as vinhas mais importantes, evitando assim qualquer efeito nefasto das chuvas. Fez-nos testar todos os nossos recursos físicos e logísticos e foi necessária uma boa dose de engenharia e trabalho árduo para o atingir. Mas valeu a pena. A qualidade foi sem dúvida valorizada. E mesmo após as chuvas foi impressionante observar a resistência das poucas uvas restantes. Isto expressa bem o cuidado constante com as nossas vinhas e as práticas vitícolas durante todo o ano. Foi um ano trabalhoso e complexo de facto. Mas será certamente ainda mais recompensador.
2005
Bênção inesperada
2005 foi um dos anos mais secos de sempre no Douro. No final de Agosto o esforço das videiras sob tão extremas condições era visualmente impressionante e a sua atividade fisiológica muito irregular. Estávamos obviamente preocupados. Mas subitamente as boas notícias caíram literalmente do céu: na 2ª semana de Setembro choveu. E algo que noutro ano nunca se deseja foi neste uma verdadeira bênção. As poucas gotas foram suficientes para refrescar o copado das videiras e reativar a maturação. Duas semanas mais tarde o resultado era espetacular! As primeiras fermentações mostraram imediatamente o nível de qualidade que tínhamos pela frente – intensos aromas de fruta, concentração… A paciência e o cuidado acompanhamento das vinhas nos momentos mais preciosos haviam sido recompensados – este difícil ano deu origem a algum dos melhores vinhos nascidos nas vinhas da família Alves de Sousa.
2005 foi um dos anos mais secos de sempre no Douro. No final de Agosto o esforço das videiras sob tão extremas condições era visualmente impressionante e a sua atividade fisiológica muito irregular. Estávamos obviamente preocupados. Mas subitamente as boas notícias caíram literalmente do céu: na 2ª semana de Setembro choveu. E algo que noutro ano nunca se deseja foi neste uma verdadeira bênção. As poucas gotas foram suficientes para refrescar o copado das videiras e reativar a maturação. Duas semanas mais tarde o resultado era espetacular! As primeiras fermentações mostraram imediatamente o nível de qualidade que tínhamos pela frente – intensos aromas de fruta, concentração… A paciência e o cuidado acompanhamento das vinhas nos momentos mais preciosos haviam sido recompensados – este difícil ano deu origem a algum dos melhores vinhos nascidos nas vinhas da família Alves de Sousa.
2004
O regresso do equilíbrio
Entre uma sequência de colheitas de condições extremas, 2004 é talvez a mais equilibrada. As temperaturas foram naturalmente altas, mas uma distribuição mais homogénea das chuvas durante o ano vitícola permitiu uma maturação mais suave. Resultaram belos mostos, profundamente aromáticos, com uma boa acidez e frescura, características que se mantiveram após a vinificação originando vinhos de grande elegância e equilíbrio.
Entre uma sequência de colheitas de condições extremas, 2004 é talvez a mais equilibrada. As temperaturas foram naturalmente altas, mas uma distribuição mais homogénea das chuvas durante o ano vitícola permitiu uma maturação mais suave. Resultaram belos mostos, profundamente aromáticos, com uma boa acidez e frescura, características que se mantiveram após a vinificação originando vinhos de grande elegância e equilíbrio.
2003
Condições extremas
As condições climáticas foram extremas. O forte calor sentido durante a maturação elevou a concentração de açúcar dos bagos para valores recorde. Chegamos a recear que pudesse afetar o equilíbrio das uvas, mas tal não aconteceu. Algumas gotas de chuva na primeira semana de Setembro foram suficientes para assegurar o final da maturação e harmonizar a composição dos bagos. O resultado: vinhos extraordinários.
As condições climáticas foram extremas. O forte calor sentido durante a maturação elevou a concentração de açúcar dos bagos para valores recorde. Chegamos a recear que pudesse afetar o equilíbrio das uvas, mas tal não aconteceu. Algumas gotas de chuva na primeira semana de Setembro foram suficientes para assegurar o final da maturação e harmonizar a composição dos bagos. O resultado: vinhos extraordinários.
2002
2001
Equilíbrio e qualidade
Inverno chuvoso, mas seguido de uma Primavera com boas condições climáticas para a vinha. Agosto mostrou-se algo instável, atrasando um pouco o início da vindima. O calor acabaria por chegar em Setembro permitindo um final de maturação muito bom e uma colheita sem sobressaltos. As quantidades estiveram dentro da média, mas com muito elevada qualidade global. O equilíbrio, a uniformidade e a qualidade da colheita representaram um passo adiante no padrão qualitativo de toda a gama Alves de Sousa.
Inverno chuvoso, mas seguido de uma Primavera com boas condições climáticas para a vinha. Agosto mostrou-se algo instável, atrasando um pouco o início da vindima. O calor acabaria por chegar em Setembro permitindo um final de maturação muito bom e uma colheita sem sobressaltos. As quantidades estiveram dentro da média, mas com muito elevada qualidade global. O equilíbrio, a uniformidade e a qualidade da colheita representaram um passo adiante no padrão qualitativo de toda a gama Alves de Sousa.
2000
Um milénio mágico
As expectativas eram muito altas para este ano mágico. A Natureza deu um contributo muito especial. O adiantar do ciclo vegetativo, com um Abrolhamento precoce fruto de um Inverno seco e ameno foi compensado por uma Primavera anormalmente húmida e fria. A Floração e o Vingamento foram assim consideravelmente heterogéneos conduzindo a uma acentuada quebra na quantidade produzida. O baixo rendimento aliou-se a uma maturação “ideal”, com o calor estival equilibrado com ligeira precipitação em Agosto e um importante “aperto” final em Setembro. Os Vinhos resultaram muito estruturados e com grande potencial de evolução. A melhor forma de começar um novo milénio? Definitivamente!
As expectativas eram muito altas para este ano mágico. A Natureza deu um contributo muito especial. O adiantar do ciclo vegetativo, com um Abrolhamento precoce fruto de um Inverno seco e ameno foi compensado por uma Primavera anormalmente húmida e fria. A Floração e o Vingamento foram assim consideravelmente heterogéneos conduzindo a uma acentuada quebra na quantidade produzida. O baixo rendimento aliou-se a uma maturação “ideal”, com o calor estival equilibrado com ligeira precipitação em Agosto e um importante “aperto” final em Setembro. Os Vinhos resultaram muito estruturados e com grande potencial de evolução. A melhor forma de começar um novo milénio? Definitivamente!
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