DIÁRIO DE VINDIMAS
DIÁRIO DE VINDIMAS
2013
O Ano Chuvoso
O Inverno e a Primavera tiveram níveis de precipitação acima da média, criando reservas de água no solo para grande parte da estação de crescimento, embora no final do ciclo se tenham ainda assim registado alguns indícios de défice hídrico. Contudo foi a grande variação de temperatura no Verão que mais marcou o ano vitícola, tendo-se registado simultaneamente algumas das temperaturas mais altas como das mais baixas para este período. Tal conduziu a níveis de maturação bastante diferenciados em função da casta e da parcela. A dificuldade de maturação de algumas castas foi ultrapassada com a ocorrência de chuva de final de Setembro. A gestão das datas de colheita foi assim fundamental, tendo permitido no final obter frescura, elegância mas também estruturas sólidas, profundidade aromática e um grande potencial qualitativo.
2011
A Vindima Generosa
Este ano cedo deu os primeiros indícios de que poderia trazer uma colheita generosa, face aos cachos nascidos. Contudo, uma Primavera particularmente húmida levou a uma das maiores pressões de míldio de que há memória na região do Douro, comprometendo seriamente a colheita. A estratégia de ação adotada nas vinhas, apesar de dispendiosa, revelou-se bem sucedida e na realidade extremamente recompensadora – não apenas foi possível assegurar uma produção generosa para os padrões da região como a qualidade viria a revelar-se ao mais alto nível. O Verão não trouxe o calor e aridez típicos, antes temperaturas mais amenas que o habitual, permitindo uma maturação suave e progressiva, preservando a acidez natural e os aromas varietais nos bagos. A chegada de algum calor apenas no final do ciclo permitiu refinar a composição dos bagos em termos fenólicos. Se aliarmos a isto uma vindima sem sobressaltos e total ausência de chuvas, permitindo uma gestão atempada da colheita das várias parcelas e castas, com a paciência e ponderação necessárias (mas nem sempre possíveis), temos todos os ingredientes para um grande ano. Fruta fresca vibrante, mas com uma grande profundidade, complexidade aromática e sólida estrutura, preconizando uma qualidade excecional e grande capacidade de guarda.
2009
Um Ano de Contrastes
O Inverno e a Primavera foram em geral menos chuvosos e com temperaturas ligeiramente mais altas do que o normal. Uma vaga de frio surgiu a meio de Maio, o que, aliado a alguma precipitação afetou a floração, levando a uma quebra significativa na produção. Até meados de Agosto as temperaturas foram anormalmente amenas, à semelhança dos atípicos verões de 2007 e 2008. Mas eis que dois picos súbitos de calor mudam totalmente as regras: um primeiro, a meio de Agosto, provoca uma aceleração da Maturação, levando ao iniciar de vindimas mais cedo de que há memória. Um segundo, na primeira semana de Setembro, impõe uma concentração dos compostos nobres (aromas, polifenóis) formados quando as temperaturas eram ainda amenas. O peso dos cachos ressentiuse. Os açúcares dos bagos subiram um pouco mais do que é costume. Mas a frescura aromática e o equilíbrio com a acidez são impressionantes. Ainda mais quando aliada a uma complexidade aromática, profundidade, concentração e definição invulgares numa fase tão precoce. Consegue aliar o melhor de dois mundos, com estruturas vigorosas e precisas, mas com uma delicadeza e profundidade desconcertantes e magníficas. Um ano para ficar na História.
2007
Videiras Caprichosas
As temperaturas médias durante Junho, Julho, Agosto raramente passaram os 20ºc e houve uma distribuição da precipitação ao longo de praticamente todo o ciclo formando um conjunto de condições que encaixam perfeitamente com o ideal de qualquer manual de fisiologia vegetal.
Mas as videiras têm os seus caprichos... e já os manuais de viticultura e a realidade têm demonstrado que a videira necessita em certo grau de algum stress durante a fase final de maturação. 2007 torna-se assim paradigmático, por um lado, mas por outro, fascinante e fundamental para a viticultura do futuro. Não existe de facto uma experiência consolidada com um ano assim. No entanto, nesta fase, os vinhos apresentam um potencial ao nível do melhor que alguma vez se conseguiu, comparável com os extremos (e mesmo antagónicos) 2003 e 2005. Maturações fantásticas, cores profundas, vinhos com uma estrutura mais que sólida, grande concentração… mas sempre com uma frescura apaziguadora. 2007 fica para já na história como um ano para estudar profundamente. A elasticidade da vinha face a condições tão diferentes como as de 2003, 2005 e 2007 é espantosa e contribui significativamente para quebrar alguns tabus e ideias estabelecidas. Claro que é impossível numa fase tão precoce avançar com uma conclusão definitiva acerca dos resultados do ano. Mas o futuro… é extraordinariamente promissor e ambicioso
2005
Irregular e Único
Este foi um dos anos mais secos de sempre no Douro. No final de Agosto o esforço das videiras sob tão extremas condições era visualmente impressionante e a sua atividade fisiológica muito irregular. Estávamos obviamente preocupados. Mas subitamente as boas notícias caíram literalmente do céu: na 2ª semana de Setembro choveu. E algo que noutro ano nunca se deseja foi neste uma verdadeira bênção. As poucas gotas foram suficientes para refrescar o copado das videiras e reativar a maturação. Duas semanas mais tarde o resultado era espetacular! As primeiras fermentações mostraram imediatamente o nível de qualidade que tínhamos pela frente – intensos aromas de fruta, concentração… A paciência e o cuidado acompanhamento das vinhas nos momentos mais preciosos haviam sido recompensados – este difícil ano deu origem a algum dos melhores vinhos nascidos nas vinhas da família Alves de Sousa.
2004
Equilíbrio e Harmonia
Entre uma sequência de colheitas de condições extremas, 2004 é talvez a mais equilibrada. As temperaturas foram naturalmente altas mas uma distribuição mais homogénea das chuvas durante o ano vitícola permitiu uma maturação mais suave. Resultaram belos mostos, profundamente aromáticos, com uma boa acidez e frescura, características que se mantiveram após a vinificação originando vinhos de grande elegância e equilíbrio.